sábado, 30 de junho de 2007

Carta-Manifesto do Centro Acadêmico de Psicologia – Unifor

Companheira e Recém-Psicóloga Ana Vládia Holanda Cruz,

Esta carta-manifesto que escrevemos não vem se dirigir às massas, tampouco vem conclamar os estudantes a não aceitarem o aumento de mensalidades ou a protestarem contra algum ponto da reforma curricular. Ela vem, nesta noite de 29 de junho de 2007, espalhar flores, remexer sonhos, embelezar rebeldias e, principalmente, celebrar sua recém formação em psicologia.

Não sabemos se chamamos isto de carta-manifesto, de poema, de música ou de um simples texto. Não sabemos porque a pessoa a qual ela se dirige respira todas essas manifestações artísticas que nos fazem desejar, embriagar, sentir fome e sede de vida.

Enfim, celebremos então...

Celebremos os sonhos que enquanto coletivo compartilhamos, celebremos suas sugestões para o grupo: o tema da XII Semana de Psicologia que era “A Psicologia Que Queremos Para a Sociedade Que Sonhamos”; celebremos a criação e divulgação do nosso manifesto espalhado e divulgado durante o evento. Bem, queríamos que ele tivesse tomado proporções maiores, mas... ah, ele tomou! Temos a certeza de que subverteu muitas idéias e, como seja, ele foi nosso manifesto feito para todos e todas.

Celebremos nossas reuniões agitadas e rápidas no bosque, você era a pessoa que nunca deixava de falar algo e de propor algo; celebremos nossas cansativas passagens em salas de aula para divulgar palestras, seminários e encontros; celebremos nossa ida ao Encontro Regional dos Estudantes de Psicologia, nossas tentativas de sair Ceará afora e pular o muro da nossa universidade, como fomos ousados, companheira! Celebremos nossas palestras em que instigávamos o debate da Psicologia com outros saberes, lembra da Psicologia e Violência? Celebremos o Cine-Libertário, celebremos todos nossos delírios, nossas vontades e atividades realizadas naquela universidade.

Sabemos, companheira, que aquilo que chamam de Universidade de Fortaleza talvez não seja o ideário de universidade da qual queríamos ter sido estudantes. Mesmo sabendo que fomos ensinados em um terreno que insistia em nos preparar imperativamente para o mercado, nós teimamos e dissemos: “Já basta! Educação não é mercadoria!”. Insistimos em aprender a Psicologia para a vida. Foi você que nos disse, companheira, para respondermos àqueles que nos falavam: “São idealistas românticos, permanecem na adolescência” com um questionamento: “A quem servem suas idéias?”. E nós acrescentamos para todos: “Para que as idéias voltem a ser perigosas”.

Neste exato momento, compas, talvez você esteja com o peito apertado ou bem emocionada imaginando que está indo embora e que vai nos deixar. Mas você sabe, e nós sabemos, que existe um lugar onde sempre vamos nos ver. Um lugar em que você vai estar militando através do olhar psicológico, da psicologia comunitária, auxiliando os direitos humanos, os jovens em conflito com a lei, os desempregados, os sem-teto e sem-terra. Esse lugar, companheira, é a rua. As ruas são nossas... as ruas são nossas... nos veremos sempre nela.

E quando os muros das nossas universidades estiverem derrubados, quando todas as formas de opressão estiverem caídas, quando todas as formas de pensar e agir estiverem fora do âmbito egoísta e niilista desse capitalismo doentio, quando nossas subjetividades formarem um mar de manifestações plurais, nós nos veremos e lembraremos daqueles anos no Movimento Estudantil de Psicologia da Unifor! Nossos corações são as células revolucionárias!

Agora, avante companheira, voe... voe bem alto!

Sabemos que você é a mulher imprescindível que nunca pára de lutar a qual o poeta Brecht referiu-se. Nos despedimos de você com lágrimas nos olhos não de saudades, mas de orgulho de ter tido uma real companheira...

...na luta sempre!

Fortaleza, 29 de Junho de 2007

Centro Acadêmico de Psicologia – Unifor

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